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REGIÃO DE BOTAFOGO É O SEGUNDO MAIOR POLO DA INDÚSTRIA CRIATIVA NA CIDADE

Um estudo divulgado recentemente pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostra que a capital fluminense é aquela em que o setor criativo tem maior participação na economia, levando-se em conta todas as capitais brasileiras. Dentro desta realidade, a região de Botafogo — além do bairro, Catete, Cosme Velho, Flamengo, Glória, Humaitá, Laranjeiras e Urca — é a segunda na cidade com o maior número de profissionais criativos: 8.384, contra 23.858 do Centro.

— O Rio de Janeiro tem espaços que possibilitam trocas. O ritmo de crescimento (do setor) vai ser ainda mais acelerado. O cenário é bastante positivo — avalia o economista Gabriel Pinto, especialista em indústria criativa.

O volume de trabalho vem beneficiando profissionais que lidam com moda, artes, música, design, desenvolvimento de softwares, publicidade e arquitetura, entre outros segmentos que compõem o setor. O aquecimento se reflete diretamente na remuneração: o salário médio de um criativo no Rio (município) é de R$ 5.790,78. No Brasil, o valor fica em R$ 4.693, enquanto a renda mensal do trabalhador — média de todas as profissões — é de R$ 1.733.

Tornar uma empresa rentável, no entanto, não depende apenas de uma mente pulsante. No livro “T-shirts and suits — A guide to the business of creativity”, espécie de manual de empreendedorismo focado na indústria criativa, o consultor britânico David Parrish defende a importância de criatividade e pensamento empresarial andarem juntos. “Nem toda boa ideia se transforma em um bom negócio”, crava o autor. Sócios da Visorama, misto de produtora e agência de conteúdo em Botafogo, Cláudio Reston, José Bessa, Mateus Moretto e Samanta Martins vivem na prática, desde 2003, a experiência de lidar com diversas possibilidades de criação, mas sem deixar de lado as planilhas.

— Tem que ser prazeroso. Mas também é preciso lucrar, pagar as contas, cumprir metas, gerar empregos… — enumera Samanta.

Gestão e criação aliadas

Entre os projetos atuais da Visorama estão a produção de documentários sobre o Canecão, em fase de pesquisa, e Oscar Niemeyer, já na etapa de finalização.

— Montamos a empresa para trabalhar com o mercado, mas chegou um momento em que praticamente não tínhamos mais produção autoral. Agora estamos exatamente tentando equilibrar as duas coisas — explica Cláudio Reston.

Na busca por um modelo satisfatório, os conhecimentos em gestão costumam vir com o próprio desenvolvimento da empresa, já que, em boa parte dos cursos de graduação ligados à indústria criativa, não há disciplinas relacionadas à administração. A produtora de eventos MOO, em Botafogo, é um exemplo de que um olhar atento sobre o mercado faz diferença na hora de empreender. A parceria entre Bruno Guinle, Diogo Reis e Eduardo Christoph nasceu em 2005, com uma festa de mesmo nome, na extinta boate Dama de Ferro. Os sets afiados e a ênfase na linguagem visual, com projeções e vários efeitos, conquistaram o público, a festa migrou para o Espaço Franklin e, após um tempo, o trio passou a comandar a programação do local. Realizaram eventos como o Mercado da Moda e se consolidaram de vez no cenário, sempre com uma proposta multicultural, agregando moda, design, música e outros vetores.

— Fomos aprendendo gradualmente. Ao dominarem certas ferramentas, os criativos têm mais chance de sucesso — acredita Guinle.

Dentro deste panorama, o economista Gabriel Pinto, da Firjan, afirma que a educação é a base para o desenvolvimento da indústria criativa, especialmente no tocante às noções de empreendedorismo. Ele destaca ainda que um dos problemas que atingem as empresas brasileiras é o excesso de burocracia. Para o designer Gabriel Leitão, um dos sócios da Levante Design, em Laranjeiras, faz parte do trabalho dos criativos, inclusive, driblar eventuais entraves.

— É preciso encontrar soluções. Para financiamento de eventos culturais, o crowdfunding já é uma prática bem desenvolvida — exemplifica.

Os dados da pesquisa da Firjan — que pode ser acessada na íntegra em — e as experiências vividas pelos profissionais da indústria criativa não deixam dúvidas sobre o bom momento do setor. De acordo com Ilan Goldman, fundador e presidente da Pix, desenvolvedora de softwares sediada em Botafogo, nunca houve um momento tão favorável à criação.

— Tem muita gente disposta a apostar em ideias. Queria ter 20 anos agora — garante.

Na sede da empresa, um casarão em uma rua bucólica de Botafogo, o clima tranquilo e despojado domina o ambiente e facilita o surgimento de programas como o Saphira, que permite às empresas fazerem cotações com fornecedores e acompanharem o andamento dos pedidos. O novo e ousado projeto é um software de gestão de conhecimento. A ideia é possibilitar às companhias o armazenamento das informações de todos os procedimentos nos quais ela se envolve, com fácil acesso a base de dados. O objetivo é que as soluções encontradas para determinado problema não sejam esquecidas na hora em que um desafio semelhante aparece.

— Os softwares existem para melhorar a vida das pessoas. Para que elas possam realizar as tarefas de forma mais rápida, alegre e menos estressante — diz, fazendo uma ressalva: — A inovação pressupõe convencer os outros de que aquilo é importante. Esse também é o nosso trabalho.

Para quem trabalha com a criatividade, fundamental também é respeitar as horas de lazer. Nesses momentos podem surgir grandes soluções.

— Jogo golfe todo fim de semana. Ajuda a relaxar e a encontrar caminhos — reforça.

Raio X da indústria criativa

Número de profissionais no Brasil: 809.533

Número de profissionais no estado do Rio: 96.005

Número de profissionais no município do Rio: 70.365

Número de profissionais na região de botafogo: 8.384

Salário médio dos criativos no Brasil: R$ 4.693

Salário médio dos criativos no estado do Rio: R$ 7.275

Salário médio dos criativos no município do Rio: R$ 5.790

Maior média salarial no município do Rio: Pesquisa e desenvolvimento (R$ 12.955)

A indústria criativa é composta por 14 setores: artes cênicas; artes; música; filme e vídeo; TV e rádio; mercado editorial; software, computação e telecom; pesquisa e desenvolvimento; biotecnologia; arquitetura e engenharia; design; moda; expressões culturais; e publicidade.


Fonte: Extra Online

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