GRUPO DEFENDE A RIOFILME
A carta lembra que a “RioFilme era um órgão desprestigiado”, que em 2008 investiu R$ 1,1 milhão, contra os R$ 209,4 milhões do período entre 2009 e 2014. O texto também destaca que, em 2012, 94% da renda e do público do cinema brasileiro vieram de filmes realizados por empresas do Rio.
— A sensação de todos é que acabou aquela coisa do tráfico de influência que existia no passado. Hoje, os investimentos vêm pelo mérito dos projetos — diz Bruno Wainer, dono da Downtown filmes, distribuidora de “O candidato honesto”, “Meu passado me condena” e “Gonzaga”, entre outros. — Todo ser humano tem direitos fundamentais. Tem direito a escola e saúde, por exemplo. Mas não é todo ser humano que tem direito a filmar. Para filmar é preciso ter mérito. E o amadurecimento da RioFilme prioriza o mérito, tanto para projeto comerciais quanto para aqueles mais autorais.
Um dos pontos defendidos pela carta é a continuidade das atuais políticas da prefeitura para o audiovisual. “O setor precisa se unir para defender suas conquistas, afirmar sua importância econômica, cultural e social, e definir em conjunto, harmonicamente, suas prioridades”, diz o texto.
— Como produtores, nós brigamos por todos os tipos de cinema, tanto o comercial quanto o autoral. Nossa luta, já há alguns anos, é para fortalecer os mecanismos de investimento no cinema, e hoje estamos com uma situação bem melhor do que tempos atrás. As possibilidades de financiamento estão acessíveis a todo mundo e têm sido constantemente aperfeiçoadas — diz Iafa Britz, da Migdal Filmes, produtora de longas-metragens como “Cássia”, “Casa Grande” e “Nosso lar”.
A carta também é assinada por algumas entidades representativas do setor: o Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual, a Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão, o Sindicato dos Exibidores do Estado do Rio de Janeiro, a Associação das Distribuidoras Brasileiras e o Sindicato das Empresas Distribuidoras do Rio de Janeiro.
— Tem muita coisa acontecendo no Rio, e é muito injusto dizer que o dinheiro que a prefeitura tem investido não serviu para nada — afirma Vilma Lustosa, diretora do Festival do Rio e sócia da Total Entertainment, produtora de “Se eu fosse você” e “Divã”, entre outros. — O que precisamos fazer é nos unir para atacar pontos realmente relevantes para o setor, como a diminuição da burocracia e o fortalecimento das empresas.
ASSINATURAS NA INTERNET
O próprio Mais Cinema, Menos Cenário também elaborou uma carta aberta, divulgada no fim da semana passada pela internet e que até ontem contava com cerca de 860 assinaturas, em que pede “uma política cultural democrática, transparente e atenta à diversidade”. Entre os pontos defendidos estão a criação de “mecanismos para equilibrar o financiamento de projetos comerciais e projetos de perfil cultural, com vantagem para esses últimos” e “que os órgãos publiquem de forma frequente e transparente seus desembolsos e reembolsos, permitindo a avaliação constante da sociedade civil do valor dos repasses direcionados a cada empresa e a cada projeto”. Durante o Festival do Rio, evento patrocinado pela RioFilme, o movimento contou com apoio de nomes como o dos atores Leandra Leal e Irandhir Santos, da produtora Julia Moraes e dos diretores Murilo Salles, Lírio Ferreira e Fellipe Gamarano Barbosa.
— Não somos contra a Riofilme, ninguém quer o fim da Riofilme. O que a gente defende é a desconcentração de recursos e a transparência de contas — diz a diretora Anna Azevedo. — Eu, por exemplo, só sou cineasta graças à RioFilme. Meus filmes “Rio de Jano”, “Batuque na cozinha”, “Dreznica” e “Outono” são frutos de editais da RioFilme. Foram filmes que projetaram o Brasil no exterior. Só queremos diálogos a favor de uma RioFilme democrática, transparente e vibrante.
Fonte: O Globo