Aprovadas cotas para mulheres, negros e indígenas em edital para produção cinematográfica
Após ouvir as demandas de entidades e associações do setor audiovisual e levando em consideração um amplo diagnóstico feito pela ANCINE sobre gênero e raça no setor audiovisual brasileiro, o Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual (CGFSA) aprovou, nesta segunda-feira (26), importantes mudanças no edital de Concurso Produção para Cinema 2018, lançado no dia 19 de março, que destina R$ 100 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) a projetos de longas-metragens independentes de ficção, documentário ou animação.
Embasados pelo estudo anual apresentado pela Comissão de Gênero e Diversidade da ANCINE – que detectou que 75,4% dos filmes lançados em 2016 foram dirigidos por homens brancos -, os membros do Comitê estabeleceram a adoção de cotas de gênero e raça na seleção dos projetos inscritos no edital. A ideia é que o instrumento ajude a diversificar a produção audiovisual nacional criando produtos que reflitam a imagem e a realidade da maioria da população brasileira. Ao menos 35% dos valores investidos nos projetos selecionados deverão ser dirigidos por mulheres ou mulheres transexuais/travestis, e pelo menos 10% desses valores serão reservados a diretores(as) negros(as) (pretos e pardos) e indígenas. “Esse é um primeiro passo para se pensar medidas de ampliação da representatividade de mulheres, negros e indígenas no mercado audiovisual brasileiro”, comentou o diretor-presidente da ANCINE, Christian de Castro.
Decidiu-se também pela alteração nos pesos dos quesitos de avaliação dos projetos na modalidade B, que contempla longas-metragens de ficção, documentário e animação com ênfase em projetos de perfil autoral e propósitos artísticos evidentes, o que vai facilitar o acesso aos recursos do fundo por parte de produtores iniciantes.
“Aumentamos a pontuação do quesito “projeto”; tiramos o peso para desempenho comercial nesta modalidade; e redimensionamos a pontuação para capacidade gerencial e desempenho da produtora. Com isso valorizamos o trabalho do roteirista e aumentamos a oportunidade para que produtoras pequenas e entrantes possam competir com isonomia”, explicou Christian de Castro, que presidiu a reunião ao lado do Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão. Os diretores da ANCINE, Alex Braga e Debora Ivanov estiveram presentes à reunião.
Todas as alterações passam a valer já para o edital que está em curso, a partir de retificação publicada na página do BRDE (http://www.brde.com.br/fsa/) amanhã (29). O quadro abaixo apresenta os novos pesos dos quesitos de avaliação:
QUESITOS |
PESO
Modalidades |
|
A | B | |
1 – Projeto | 25% | 65% |
Avaliação do projeto apresentado, incluindo sinopse, visão do diretor e roteiro | 25% | 65% |
2 – Qualificação técnica do diretor | 30% | 20% |
2.1 Quantidade de obras dirigidas (CPB) | 10% | 10% |
2.2 Desempenho comercial das obras dirigidas | 10% | – |
2.3 Desempenho em festivais | 10% | 10% |
3 – Capacidade gerencial e desempenho da produtora | 30% | 15% |
3.1 Capacidade gerencial – Classificação de nível na ANCINE | 10% | 10% |
3.2 Desempenho comercial das obras produzidas pela produtora em salas de cinema. | 10% | – |
3.3 Desempenho em festivais | 10% | 5% |
4 – Planejamento e adequação do plano de negócios | 15% | – |
Captação, licenciamentos, parcerias efetivadas (coprodução, distribuição) e estratégia comercial) | 15% | – |
Total | 100% | 100% |
Fonte: ANCINE