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“AS EMPRESAS SÃO A BASE PARA O DESENVOLVIMENTO”

 

CARTA DA INDÚSTRIA – Quais são suas perspectivas para o Brasil no ano de 2015? 

EDUARDO EUGENIO GOUVÊA VIEIRA – Não será um ano fácil. O país quase não cresceu em 2014, temos inflação em alta, situação fiscal precária e emprego em queda. Mas os primeiros movimentos do segundo governo Dilma Rousseff na área econômica nos dão um novo alento. A indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda mostra o compromisso com uma política econômica focada na estabilidade, por meio do combate à inflação, responsabilidade fiscal e preservação da credibilidade internacional do país. Nelson Barbosa no Ministério do Planejamento também é sinal de qualidade na condução da economia. Armando Monteiro é um ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior que conhece a realidade e os desafios da indústria brasileira. Sua nomeação é um sinal da disposição do governo em dialogar com os empresários. O governo tem que reconhecer nas empresas a base para o desenvolvimento do Brasil. Sem elas não existem geração de riqueza, renda e empregos. 

 

CI – O que precisa mudar para que o Brasil volte a crescer? 

EEGV – As empresas precisam de um ambiente favorável à atividade produtiva. Precisam de estabilidade na economia, melhor infraestrutura, menos impostos, e governos responsáveis com as contas do país. Isso é fundamental para que os empresários recuperem a confiança. Para que esse ambiente favorável se consolide, é indispensável que sejam levadas à frente as reformas tributária, trabalhista e fiscal, defendidas pelo Sistema FIRJAN nos últimos 20 anos.

 

CI – O estado do Rio registrou grande volume de investimentos nos últimos anos. O que se pode esperar para o futuro, com as dificuldades que já estão sendo enfrentadas pelo país? 

EEGV – Manter o estado na rota do crescimento impõe grandes desafios. Mas é importante acentuar que o cenário continua a ser de investimentos no estado. O documento “Visões de Futuro: potencialidades e desafios para o estado do Rio de Janeiro nos próximos 15 anos” mostra que o estado receberá grande volume de investimentos. Ele aponta o que o poder público precisa fazer, desde já, para preparar o estado para os impactos dos investimentos que estão em andamento. O documento aponta ainda, a partir da visão empresarial, ações concretas que irão potencializar a atração de mais investimentos para o estado do Rio, o dever de casa que precisa ser feito. 

 

CI – Quais as principais vitórias da indústria este ano? 

EEGV – A FIRJAN atuou fortemente na luta para atender aos pleitos por melhoria de infraestrutura, alívio na carga tributária e na burocracia. Nesse particular, cito o Porto 24h, que completou um ano e está sendo complementado pelo Portal Único, que também é pleito nosso. Outra vitória foi a inauguração do Arco Metropolitano, ideia proposta pela FIRJAN. Desde a década de 90 fazemos estudos mostrando os benefícios da nova via. Só a redução no custo de transporte de carga pode chegar a 20%. É um ganho que impacta a competitividade de forma expressiva. Também brigamos em Brasília por prazos realistas para a implantação do e-Social. E conseguimos! Podemos listar também as reduções de ICMS para alguns setores. Os colegas das indústrias moveleira, de insumos para construção civil, de carne (inclusive processados) e bens de capital puderam comemorar. Vamos continuar trabalhando por menos carga de impostos em 2015.

 

CI – No apoio aos sindicatos, o que está planejado para o próximo ano? 

EEGV – Vamos quase dobrar o número de beneficiados pelo Programa de Apoio à Infraestrutura Sindical, PAIS, ainda no primeiro trimestre. Dezessete sindicatos já foram atendidos, mais 13 serão entregues nesse período. Essa ação prevê investimento em tecnologia com atualização e compra de equipamentos, novo mobiliário e obras nos imóveis próprios das entidades. Em 2015, vamos intensificar o uso da ferramenta SIGA (Sistema Integrado de Gestão da Arrecadação), que melhora a gestão financeira, permite o aumento da arrecadação e fortalece a representatividade dos sindicatos. Fizemos a apresentação da ferramenta e, a partir de fevereiro, vamos promover um treinamento para os sindicatos filiados que aderirem ao SIGA. Na busca por informação qualificada e oportunidades de negócios, vamos continuar a levar os nossos líderes empresariais aos locais de destaque em seus setores e às mais importantes feiras no país e no exterior. E traremos mais empresários de outros países para conhecer as oportunidades no estado do Rio. Essa é uma ação da qual muito me orgulho: já recebemos mil missões empresariais desde 1995! 

 

CI – Quais serão os principais investimentos da Federação em 2015? 

EEGV – Temos planos ambiciosos para ajudar os empresários a ter mão de obra cada vez mais qualificada. Vamos iniciar, até abril, turmas gratuitas para ensinar alunos de graduação de engenharia civil e arquitetura a usar as mais modernas ferramentas de gestão de obras, como o BIM (Building Information Modeling). Essa ação será um passo importantíssimo para elevar a produtividade do setor em nosso estado. Expandiremos nossa rede inaugurando e ampliando unidades do SESI e/ou SENAI em Duque de Caxias, Niterói, São Gonçalo, Campos, Volta Redonda, Barra Mansa, Petrópolis, Três Rios, Tijuca e Cinelândia. Com isso, nossa oferta de vagas será ampliada e formaremos ainda mais profissionais qualificados para a indústria. Vamos avançar também em projetos de tecnologia e inovação para oferecer serviços de ponta aos empresários.  

 

CI – Em que outras frentes a FIRJAN vai atuar? 

EEGV – Vamos atuar ainda mais fortemente defendendo o interesse das indústrias, com estudos, pleitos e representação empresarial junto ao governo e ao Congresso. Além disso, vamos avançar em dois importantes projetos: o SESI Matemática e a Indústria Criativa. O primeiro tem como objetivo aprimorar a formação dos estudantes em matemática. A melhoria do ensino da disciplina é essencial para elevar a qualidade da mão de obra. O programa atingirá todas as escolas públicas estaduais do estado do Rio até 2016, e prevê para o ano a inauguração da Casa SESI Matemática, na Barra da Tijuca. A Indústria Criativa é outra frente identificada pelos empresários como grande vocação do estado do Rio no Mapa do Desenvolvimento, lançado em 2006. Vamos intensificar as ações setoriais, para aproximar ainda mais a cadeia produtiva e criativa fluminense, promovendo um ambiente de negócios favorável. Gostaria de destacar também o SESI Cidadania, que leva serviços gratuitos do SESI e do SENAI às comunidades pacificadas. Criado em 2010, o programa já superou a marca de 1 milhão de atendimentos. Temos muito orgulho em contribuir para que seus moradores sejam definitivamente reintegrados ao estado de direito. Sempre soubemos que não seria suficiente ocupar esses territórios com forças policiais. O mais importante é garantir a essas comunidades educação profissional, saúde, cultura e lazer. É isso que permite olhar à frente e impede o retrocesso. Este foi um dos desafios apontados pelos empresários no Mapa do Desenvolvimento. A segurança pública está diretamente ligada à atração de investimento e, consequentemente, ao desenvolvimento do estado do Rio. 

 

CI – Como o Sistema FIRJAN está se estruturando para enfrentar esses desafios? 

EEGV – Com um novo planejamento estratégico para o período 2015-2020, e a visão empresarial é a base dele. Conseguimos uma mobilização espetacular na sua construção – foram mais de mil empresários envolvidos, em 58 reuniões presenciais e uma consulta on-line. Esse grau de participação é muito importante, pois demonstra a força da Federação como representante do empresariado fluminense. E o planejamento estratégico ajudará a nos estruturar para enfrentar todos os nossos desafios, aumentando ainda mais a competitividade da indústria fluminense. As legislações tributária e trabalhista, a baixa competitividade, a qualificação profissional e os investimentos em infraestrutura são destaques entre as preocupações expressas pelos empresários do estado do Rio. 

 

Acesse a retrospectiva do Sistema FIRJAN no link http://www.firjan.org.br/retrospectiva/2014/.

 

Fonte: Carta da Indústria

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