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“CADA GOTA É UM BEM ECONÔMICO”, ENSINA ESPECIALISTA EM DEBATE SOBRE ESCASSEZ DE ÁGUA

Na Austrália, o controle do uso da água é rigoroso e o governo investe muito em planejamento e campanhas que mudaram o comportamento da população. Durante período conhecido lá como a seca do milênio (1997-2009), não se podia lavar carro nem com balde. Quem consume água acima da média estabelecida paga mais caro.

“Muitas ações implentadas lá são factíveis de serem aplicadas no Brasil. Falta interesse político e engajamento da população”, ensinou o especialista. Ele contou que quando os reservatórios de água chegaram a 32% em Melbourne foi quase uma calamidade pública. Os da Bacia do Paraíba do Sul estão em 13,9%, mas desceram a 0,33% em fevereiro.

 

Marlos de Souza contou sobre como a Austrália lida com a escassez permanente de água./Foto: Antonio Batalha

Souza é brasileiro e vive há 15 anos na Austrália. “Os australianos fazem planejamento para vários cenários de escassez e implementam as medidas”, contou. Ele enfatizou a importância dos programas de governo. “Mas para cobrar eficiência do cidadão, o governo tem que ser eficiente”, afirmou. Segundo ele, o índice de perdas na rede de abastecimento na Austrália oscila entre 9% e 12%. O da Sabesp, informou ele, é de 32%.

O especialista citou várias ações tomadas pelo estado de Vitoria. Há aplicativo para celular em que o cidadão acompanha em tempo real o nível dos reservatórios; moradores receberam ampulheta de quatro minutos para controle do tempo de banho; e o governo ressarce quem investe em um sistema doméstico de captação de água da chuva. “A visão do australiano é econômica. Cada gota é um bem econômico”, completou.

Ele relatou também que o governo estimula as indústrias a buscar mais eficiência no consumo de água: “O governo envia um consultor para ensinar a economizar”. Souza recomendou: “Usem a crise de forma oportunista, tragam os players para sentar e agir juntos”.

Na abertura do evento, Isaac Plachta, presidente do conselho empresarial de Meio Ambiente, defendeu que a “população e empresas devem ser francamente informadas e estimuladas a usar água de forma mais racional”.

 

Isaac Plachta relembrou pesquisa da FIRJAN sobre os impactos da crise hídrica na indústria fluminense./Foto: Antonio Batalha

Plachta lembrou que pesquisa da FIRJAN revelou que 30,6% das indústrias enfrentam problemas por causa do baixo nível dos reservatórios de água e que 56,7% das empresas dos estado já adotaram medidas para reduzir o consumo de água. “A indústria do Rio já está fazendo sua parte, mas temos espaço para sermos mais efetivos. Situação é grave e demanda esforço de todos, mas antes de racionar é preciso raciocinar”, concluiu.

Também participaram do debate Guilherme Mercês, gerente de Economia e Estatística do Sistema FIRJAN; Paulo Carneiro, pesquisador da COPPE/UFRJ; Carlos Rosito, consultor sênior da GO Associados; Fabian Fenoglio, diretor técnico Degrémont; e Jorge Peron, especialista em Meio Ambiente do Sistema FIRJAN.

Fonte: Sistema FIRJAN

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