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FESTIVAL DO RIO COMEÇA NESTA QUINTA-FEIRA COM NÚMERO RECORDE DE DOCUMENTÁRIOS


— Este é de longe o ano em que a gente tem mais documentários — diz Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio. — É claro o fato de que o documentário deixou de trabalhar só num nicho e passou a ser visto em outro patamar. Antigamente, os festivais internacionais nem consideravam filmes documentais em suas seleções. Hoje, eles têm batalhado por essas produções.
 

Um sintoma para esse crescimento é perceber como grandes diretores, famosos por seus filmes de ficção, vêm se aventurando mais e mais no campo documental. Nisso, Werner Herzog é o melhor exemplo. O cineasta alemão já recebeu prêmios em Berlim, Cannes e Veneza, e ficou famoso em todos os cantos por filmes como “Aguirre, a cólera dos deuses” (1972) e “Fitzcarraldo” (1982). Seus últimos longas de ficção, porém, foram “Vício frenético” e “My son, my son, what have ye done?”, ambos lançados no Festival de Veneza de 2009. De lá para cá, Herzog fez oito documentários, além de uma série documental para a TV americana intitulada “Corredor da morte”, sobre histórias de condenados nos EUA. Dois dos episódios da série estarão no Festival do Rio.
 

Também na mostra carioca, será exibido “O espírito de 45”, de Ken Loach, diretor inglês reconhecido por seus filmes de caráter social e que já recebeu uma Palma de Ouro em Cannes, por “Ventos da liberdade” (2006). No novo longa-metragem, Loach trata do espírito de união que tomou conta do Reino Unido no fim da Segunda Guerra Mundial.
 

— Enquanto os documentários têm conquistado um espaço grande no mercado, a própria ficção vem se aproximando de uma linguagem mais realista — diz Victor Lopes, que vai exibir no Rio seu “Serra Pelada”, sobre o garimpo paraense. — Na história do cinema, foram poucos os momentos em que os documentários tiveram tanta força como hoje. É neles que se tem encontrado espaço para refletir visões da realidade que vão além das mídias tradicionais.
 

Um dos mais renomados documentaristas americanos, Frederick Wiseman acredita que o mercado desse tipo de filme vem aumentando no mundo e que há espaço mesmo para produções de longa duração como as suas. Aos 83 anos, o diretor exibirá no Festival do Rio seu novíssimo “Em Berkeley”, com quatro horas de duração, sobre a rotina e os desafios de uma universidade americana. Além disso, Wiseman é o foco de uma mostra de 15 filmes que começa hoje na Caixa Cultural do Rio (às 17h, haverá sessão de seu clássico “Titicut follies”, de 1967).
 

— Nos EUA, meus filmes são exibidos nas TVs públicas em horário nobre. E sempre são distribuídos nos cinemas. Não vou dizer que há um circuito gigante para documentários, mas tenho certeza de que esse circuito está crescendo — diz o diretor.
 

Não à toa, o grande vencedor do último Festival de Veneza, mostra italiana encerrada no dia 7 de setembro, foi exatamente um documentário. O júri presidido por Bernardo Bertolucci concedeu o Leão de Ouro para “Sacro Gra”, de Gianfranco Rosi, que narra a história de personagens que vivem à margem de um anel rodoviário de Roma. Numa entrevista em Veneza, o próprio Bertolucci lembrou que outro filme do gênero integrou a mostra competitiva (“O conhecido desconhecido: a era Donald Rumsfeld”, de Errol Morris) e deu o recado que parece ter sido ouvido no Rio: “É bom que festivais como Veneza se abram para documentários, ajuda a deixar de lado as definições”.
 

Vinte Convidados
 

Na mostra do Rio, tanto “Sacro Gra” quanto “O conhecido desconhecido” serão exibidos. Outras produções internacionais badaladas que estarão na programação são “Roubamos segredos: A história do Wikileaks”, de Alex Gibney, sobre o culto ao Wikileaks e a seu criador, Julian Assange; “O ator de matar”, de Joshua Oppenheimer, filme que provocou polêmica em Berlim por exibir entrevistas com integrantes de esquadrões da morte indonésios que, além de relatar suas motivações entre risadas e piadas, ainda recriavam os assassinatos emulando diversos gêneros de cinema; “The National: Mistaken for strangers”, de Tom Berninger, sobre a banda The National; “O último dos injustos”, de Claude Lanzmann, sobre Benjamin Murmelstein, o último presidente do conselho judeu do gueto de Theresienstadt; e “Libertem Angela”, de Shola Lynch, sobre as mobilizações de artistas e intelectuais para a libertação da ativista negra Angela Davis, nos anos 1970.
 

Também está confirmada a vinda de 20 diretores estrangeiros para o Festival do Rio, acompanhando seus documentários. Ryan White deve ser um dos mais requisitados, por trazer à cidade “Nossa querida Freda — A secretária dos Beatles”, sobre a mocinha que trabalhou para a banda nos anos 1960 e que permaneceu anônima desde então. Entre os outros que estarão na cidade, destacam-se Aaron Aites, um dos diretores de “99% — O filme colaborativo do Occupy Wall Street”, e Christina Voros, diretora de “The director — Uma criadora na Gucci”.
 

Mesmo entre os brasileiros, esse aumento de produção é evidente. No Rio, a Première Brasil terá 16 documentários em competição e mais outra dúzia em exibição fora de disputa, entre eles “Mataram meu irmão”, de Cristiano Burlan; e “Cauby — começaria tudo outra vez”, de Nelson Hoineff. E, em outubro, a Mostra de São Paulo fará uma homenagem a Eduardo Coutinho com a exibição de todos seus filmes.
 

— Este é o momento do documentário na história do cinema — afirma Amir Labaki, diretor do É Tudo Verdade, festival brasileiro dedicado exclusivamente ao gênero que abriu na semana passada as inscrições para sua próxima edição, agendada para o primeiro semestre do ano que vem. — É uma nova abertura que permite um espectro mais amplo de cinema.

 

Fonte: www.oglobo.com

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