Enquanto iniciam os preparativos para a transferência do arquivo, as duas partes já estudam a transformação do espaço onde funcionava a antiga locadora de DVDs da rede, na galeria do Estação Net Botafogo, na Sala Cinemateca do MAM. Com inauguração prevista para novembro, mês em que o Grupo Estação completa 30 anos, o novo cinema terá ao redor de 25 lugares e se dedicará a exibir exclusivamente os filmes do catálogo da Cinemateca, agora engordado com a coleção do parceiro, e que inclui tesouros nacionais, como “O bandido da luz vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla (1946-2004), e estrangeiros, como “Roma, cidade aberta” (1945), de Roberto Rossellini (1906-1976).
— A ideia da nova sala é dar visibilidade à Cinemateca em Botafogo, que é reconhecidamente um bairro cinéfilo. Além de exibir seus clássicos ali, a Cinemateca poderá usar o espaço para promover cursos e palestras sobre cinema — afirma Marcelo França Mendes, presidente e programador do Grupo Estação. — Essa estratégia de promoção da marca MAM será estendida aos outros cinemas do circuito: todos terão um espaço para expor material do acervo da Cinemateca, que também inclui equipamentos, fotos, cartazes e cópias de revistas especializadas.
PROCESSO DE RECUPERAÇÃO
O reforço chega no momento em que a Cinemateca, que festeja seis décadas este ano, tenta recuperar a reputação que gozava entre os cinéfilos cariocas nos anos 1960 e 1970, desgastada em função de problemas como isolamento geográfico e defasagem tecnológica de equipamentos. A iniciativa foi tomada pelo crítico de cinema Ricardo Cota ao assumir a curadoria da entidade em julho, cargo deixado vago com a morte do cineasta Gilberto Santeiro. Cota articula parcerias para movimentar a agenda da Cinemateca, que voltou a abrigar pré-estreias, como a do documentário “Tudo por amor ao cinema”, de Aurélio Michilis, sobre Cosme Alves Netto (1937-1996), curador da sala do MAM por mais de três décadas.
— Já começamos a agir e a pedir apoios. O Cine Joia nos cedeu um projetor emergencial, que foi fundamental para realizarmos pré-estreias e incrementarmos a programação. Vamos ter programações em conjunto, com o Joia, o Instituto Moreira Salles, o Festival do Rio, a Escola de Cinema Darcy Ribeiro e o Cine Odeon — adianta Cota. — Também teremos parcerias com a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) e a UFF, com sessões específicas e um forte estímulo à atração de estagiários. Vamos sediar também, até o fim do ano pelo menos três festivais voltados para o audiovisual, além de mostras e as pré-estreias. Mas, é bom que se diga, o parceiro mais forte é o Grupo Estação, pelo alcance da parceria proposta.
Fonte: O Globo