Notícias

OUTRO PALCO, NOVA PLATEIA

— Hoje, o cinema mais popular que é feito no Brasil é alimentado pelas classes C e D — explica Paulo Sérgio Almeida, do Filme B, site que avalia as bilheterias no país. — Mas esse público não via e ainda não vê teatro, onde os ingressos chegam a custar mais de R$ 50. Quem já viu a peça pode querer vê-la de novo no cinema, mas isso não é garantido. Porém, para essa plateia C e D, aquilo que “Minha mãe é uma peça” conta é uma novidade. Logo, é atraente. É aí que um nicho de comédias teatrais pode se formar.

Esse nicho já rendeu fortunas no passado. Em 1966, a versão de Roberto Farias para “Toda donzela tem um pai que é uma fera”, de Gláucio Gill, vendeu dois milhões de ingressos. Há um ano, “E aí, comeu?”, baseado em comédia de Marcelo Rubens Paiva, totalizou 2,6 milhões de pagantes. Mas também houve fracassos: concebido para virar blockbuster, “A máquina”, de João Falcão, mal chegou a 60 mil espectadores. Mas para aqueles que hoje contam no cinema histórias encenadas no palco, o desafio vai além de cifras.

— Minha maior preocupação é manter no cinema o frescor que “Minha mãe é uma peça” tinha no teatro — diz Paulo Gustavo, que alcançou celebridade em 2006, ao estrear o monólogo sobre as desventuras de uma chefe de família, Dona Hermínia.

A busca de Paulo Gustavo por frescor na transposição é compartilhada pelos demais diretores e produtores envolvidos com os potenciais blockbusters de berço nas artes cênicas. Um dos mais esperados é “Confissões de adolescente — O filme”, de Daniel Filho, cuja matriz é a peça homônima de Maria Mariana. Sua estreia está prevista para 10 de janeiro. Antes disso, em agosto, sai da toca “Até que a Sbórnia nos separe”, uma animação dirigida por Otto Guerra com base em “Tangos & tragédias”, espetáculo musical da dupla Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky, visto por um milhão de pessoas em 28 anos em cartaz. Em outubro, Marcus Baldini (de “Bruna Surfistinha”) filma “Os homens são de Marte…”, tendo no elenco Mônica Martelli, autora e atriz da peça.

— No ato da captação de recursos, um sucesso como a peça da Mônica, que ficou oito anos em cartaz e atraiu 1,5 milhão de pessoas, é mais fácil de atrair investidores porque todos ouviram falar do texto. E ouviram falar bem. Esse prestígio do teatro facilita o cinema — diz Bianca Villar, produtora do projeto com Ilana Brakarz.

Prometida há uma década, a transposição de “No retrovisor”, de Marcelo Rubens Paiva, deve entrar em filmagem em março de 2014. Permanecem no filme o elenco (Marcelo Serrado e Otávio Müller) e o diretor (Mauro Mendonça Filho) da montagem original, sobre o acerto de contas entre dois amigos fascinados por rock’n’roll. Diretora prolífica na TV, Cininha de Paula fará sua estreia como cineasta em 2014 ao filmar “Divã 2”, decalcado do espetáculo com Lília Cabral. Agora Lília sai de cena e dá lugar a um enredo sobre dilemas de jovens casais.

CULTS TAMBÉM ENTRAM EM CIRCUITO

A produção de “Divã 2” é da Total Filmes (“Se eu fosse você”), que adaptará também “Tango, bolero e chá-chá-chá”, texto de Eloy Araújo sobre a transexual Lana Lee, que rendeu prêmios para Edwin Luisi no teatro. A direção será do taiwanês radicado no Brasil Hsu Chien Hsin. Em paralelo, Miguel Falabella escreve o roteiro de “Querido mundo”, com base em peça de sua autoria. Falabella vai dirigir, sob os auspícios do clã de produtores chefiado por Luiz Carlos Barreto.

— A boa carreira de uma peça no teatro ajuda na hora em que ela vai para o cinema, pois quem viu e gostou cria um boca a boca favorável — diz Paula Barreto, que produz o projeto de Falabella, ainda sem elenco.

Único texto infanto-juvenil no bonde das peças de sucesso a caminho do cinema, “Pluft, o fantasminha”, de Maria Clara Machado, será filmado por Rosane Svartman (“Desenrola”), usando atores para contar as aventuras do espectro com medo de gente.

— O maior desafio de levar Pluft às telas é transpor para a linguagem cinematográfica o mundo mágico da peça de Maria Clara, respeitando o sucesso e o afeto conquistados no teatro — diz Rosane, que hoje estuda os efeitos visuais necessários para reproduzir os truques de Pluft.

Já “Dona Flor e seus dois maridos” não nasceu no teatro. Veio da literatura de Jorge Amado e virou filme em 1976. Mas Pedro Vasconcelos levou o texto aos palcos em 2007, em forma de peça, e passou os cinco anos seguintes lotando casas por todo o país. O êxito de sua versão teatral inspirou seu projeto de longa, com Vanessa Giácomo, Humberto Martins e Marcelo Faria.

— O roteiro que fiz é igual ao texto da peça, com mais algumas coisas tiradas do livro de Jorge — explica Vasconcelos.

A maior discussão aberta pelas novas adaptações teatrais é mostrar o quanto as artes cênicas podem oxigenar as narrativas dos filmes comerciais brasileiros, sobretudo as comédias.

— O teatro é uma fonte de boas ideias e de boas histórias para o cinema — diz Iafa Britz, produtora de “Minha mãe é uma peça”. — Basta os filmes usarem essas tramas com qualidade.

Fora desse pacote de blockbsuters teatrais, duas peças celebrizadas como cult vão estrear no cinema em 2014: Roberto Bomtempo dirige e estrela “Mão na luva”, de Vianinha, e Domingos Oliveira filma, no fim deste ano, “Do fundo do lago escuro”, com Fernanda Montenegro.

Fonte: O Globo 

Inscreva-se

Assine nosso boletim e fique por dentro das notícias do setor

CONHEÇA OS BENEFÍCIOS EXCLUSIVOS PARA ASSOCIADOS

  • REPRESENTATIVIDADE

    Ações junto ao poder público nas esferas municipais, estadual e federal que buscam promover melhorias no ambiente de negócios, como uma redução de impostos e a simplificação de obrigações que impactam a competitividade da indústria.

    Saiba Mais
  • COMPETITIVIDADE

    Ações que buscam fortalecer como empresas e gerar oportunidades de negócios, além de programas que oferecem condições especiais na compra de produtos e na contratação de serviços de empresas parceiras.

    Saiba Mais
  • PRODUTIVIDADE

    Uma série de produtos e serviços que ajudam empresas de todos os portes a se tornarem ainda mais produtivas. Soluções integradas para produzir mais por menos.

    Saiba Mais
  • QUALIDADE DE VIDA

    Produtos e serviços voltados para o desenvolvimento de ambientes laborais mais seguros e saudáveis, além de assessoria e consultorias para a implementação de soluções em segurança do trabalho, cursos e treinamentos.

    Saiba Mais