RIOFILME VAI INCENTIVAR PRODUÇÕES DE FILMES DE AÇÃO
Segundo pesquisa que a Secretaria Municipal de Cultura e a RioFilme apresentam nesta quarta-feira no auditório da FIRJAN, no Centro, os dramas e documentários só são citados como favoritos por 5% e 3% da população carioca, respectivamente. Por outro lado, 24% dos moradores do Rio se dizem fãs incontestes de filmes de ação — o gênero mais popular na lista das preferências, seguido de perto pelas comédias, com 22%. Apesar disso, nos últimos três anos, o Brasil teve apenas 11 lançamentos nacionais de ação, ou 4% da produção. Para os diretores da RioFilme, é hora de mudar.
— O que a pesquisa “Cinema: o que os cariocas querem ver” prova de uma vez por todas é que o financiamento dos filmes está totalmente desconectado do interesse do grande público hoje em dia — afirma, taxativo, o francês Adrien Muselet, diretor comercial da RioFilme. — Em todas as classes sociais, faixas etárias e graus de escolaridade que avaliamos, detectamos que os filmes de ação são os preferidos do público carioca, mas isso infelizmente não está refletido na lista dos lançamentos nacionais. Para nós, isso é um sinal de que quem faz cinema faz aquilo que gostaria de ver, e não aquilo que o grande público espera. Então precisamos analisar isso.
O secretário municipal de Cultura, Sérgio Sá Leitão, que também ocupa o cargo de presidente da RioFilme, estará nesta quarta-feira ao lado de Muselet na apresentação da pesquisa feita pela JLeiva Cultura & Esporte com 1.501 habitantes do Rio, entre agosto e setembro do ano passado. Ao antecipar os resultados da sondagem ao GLOBO, Sá Leitão conta que ela vem confirmar aquilo que os especialistas já previam e que a ideia da RioFilme agora é buscar “a diversificação e o equilíbrio entre gêneros”.
— E como faremos isso? — pergunta ele, retoricamente. — Primeiro sinalizando ao mercado o interesse da RioFilme por essa diversificação. Segundo, chamando a atenção dele, apresentando, por exemplo, essa pesquisa. Depois, vamos alertar as comissões dos editais da RioFilme sobre o assunto.
Sá Leitão e Muselet concordam ainda em outro ponto: acreditam que, se o cinema nacional apostar na produção de filmes de ação, poderá abocanhar um mercado que hoje perde para filmes estrangeiros. Muselet lembra que os filmes de ação costumam ter mais potencial de exportação do que os de comédia — cuja fatia de 15% dos lançamentos nacionais, por sua vez, é mais condizente com o interesse dos espectadores cariocas.
— Queremos contribuir para o aumento do market share do cinema brasileiro. “Tropa de Elite 2” mostrou claramente que o público quer filmes de ação nacionais, que nós sabemos fazer longas desse tipo e com qualidade. Pena que o filão ainda não foi devidamente aproveitado — lamenta ele.
— Nossa tese é a de que se investirmos nesse caminho, o filme nacional poderá sair do patamar de 15% a 18% de bilheteria e finalmente crescer — acrescenta o diretor comercial.
Sugestão de parcerias com outros países
Muselet enxerga três razões principais para que o Brasil ainda tenha pequena produção de filme de ação. Diz que os filmes desse tipo são mais caros do que as comédias e que o sistema de fomento só consegue bancar produções que custem em torno de R$ 4 milhões. Afirma que os editais existentes hoje em dia estão mais pensados para atender ao interesse das produtoras do que o do público em geral, e finalmente lembra que o Brasil costuma fazer parcerias com países com os quais tem afinidades culturais.
— Há uma barreira tecnológica, mas poderíamos fazer coproduções com Coreia do Sul, Estados Unidos, países que fazem esse tipo de filme muito bem. Mas, em vez disso, fazemos com Argentina e Itália, que são países que são bons naquilo que nós também fazemos.
Fonte: O Globo