RioMarket: debates sobre X-Reality e processo criativo no cinema agitam Casa Firjan
O RioMarket – a área de negócios do Festival do Rio – vem reunindo na Casa Firjan um público tão diversificado quanto os temas que aborda. No primeiro dia (05/11), por exemplo, as discussões foram desde o mercado da Realidade Virtual até as vantagens de, no cinema, trabalhar com atores menos conhecidos e mais “autênticos” – na visão de grandes nomes, como o produtor brasileiro Rodrigo Teixeira e o diretor e roteirista francês Olivier Assayas.
Em sua 20ª edição, o Festival do Rio é considerado um dos mais importantes eventos cinematográficos do mundo e sua área de negócios, o RioMarket, ocupa a Casa Firjan até 10/11, para a troca de conhecimento entre profissionais e empresas do setor audiovisual.
Rio Market reuniu público diversificado na Casa Firjan, para discutir o setor audiovisual | Foto: Vinícius Magalhães |
Entre os principais temas debatidos no primeiro dia, estiveram as tendências e experiências do mercado de X-Reality (Realidade Virtual, Realidade Aumentada e Realidade Mista). Durante o painel “Realidade virtual, Realidade aumentada: o futuro é agora”, Francisco Almendra, da produtora Studio KwO, afirmou que a X-Reality chegou para ficar. “A Inteligência artificial fará grande parte do trabalho que precisa ser feito. Os computadores estão começando a reconhecer o mundo”, disse.
E como será no Brasil? “O Brasil precisa se mexer para não ficar para trás”, comentou, sugerindo o enquadramento da X-Reality como audiovisual, contando inclusive com apoio do governo. Almendra destacou ainda que o setor já está se organizando por meio da XRBR, um hub brasileiro de X-reality, com a participação de mais de 100 empresas.
Liana Brazil, da SuperUber, destacou a preocupação com o lado humano. Por isso, acrescentou ela, os trabalhos desenvolvidos no estúdio foram definidos para serem presenciais. “Apesar de ser tecnologia, pensamos sempre em qual emoção e experiência queremos proporcionar”, afirmou.
Francisco Almendra, da produtora Studio KwO, afirmou que a X-Reality chegou para ficar. | Foto: Vinícius Magalhães |
Já o produtor Marcelo Siqueira, da pós-produtora Mistika, chamou atenção para o fato de a forma de se consumir a realidade virtual estar evoluindo e se tornando mais simples. “Há dispositivos muito fáceis, colocados em celulares, até os mais sofisticados, com mais qualidade, possibilidades e desafios”, afirmou.
Processo criativo no cinema
Para discutir o processo criativo no cinema, o RioMarket trouxe Rodrigo Teixeira, premiado produtor brasileiro de “Me Chame Pelo Seu Nome”, indicado ao Oscar de Melhor Filme deste ano, para bater um papo com Olivier Assayas, diretor francês de “Vidas Duplas”, indicado ao Leão de Ouro na 75ª edição da La Biennale e também ao People’s Choice Award, no Festival de Toronto.
Teixeira discorreu sobre o trabalho com Assayas e a falta de preocupação deste com elencos de estrelas, característica que falta ao mercado nacional. “É preciso ser criativo para encontrar soluções, de modo a educar o público no Brasil. Criatividade não é o problema, brasileiro é criativo. Acho que é muito mais enxergar a realidade”, afirmou Teixeira.
Assayas falou sobre a busca por trazer atores próximos do contexto original para as produções históricas e documentais. “Não tenho problema em filmar com atores conhecidos, mas minha preocupação é a autenticidade”, explicou. O francês revelou que escolhe atores que permitam contar histórias, sempre pensando no que pode oferecer para que o artista se renove.
Fonte: Firjan