STIC e SICAV consolidam parceria no 1o Seminário de Segurança do Trabalho no Audiovisual
Durante todo o dia de ontem (25), produtoras e profissionais do audiovisual participaram do 1º Seminário de Segurança do Trabalho, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – Firjan. O evento foi uma parceria do Sindicato da Indústria Audiovisual – SICAV e do Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual – STIC que contou com a participação de diversos nomes do ramo. Entre os presentes, Daniela Pfeiffer, Diretora do Centro Técnico Audiovisual (CTAv) do Ministério da Cultura (MinC) e o Presidente da Ancine, Cristian de Castro.
Cristian afirma que “um evento como esse, que trata de segurança do trabalho, fortalece a relação entre os trabalhadores e os empreendedores da indústria audiovisual no sentido de capacitar no dimensionamento do risco. Isso está completamente alinhado com o que nós estamos implementando nessa nova gestão da Ancine. Temos que ter um olhar mais aprofundado na capacitação da cadeia do audiovisual como um todo. No Fundo Setorial do Audiovisual, por exemplo, aprovamos uma linha de investimento em capacitação, olhando os três níveis: técnico, artístico e dos empreendedores, para termos esses empreendedores mais capacitados e mais estruturados na relação com os trabalhadores e para dar uma segurança maior para o setor e que, dessa forma, consigamos crescer com maior velocidade”.
Na programação do evento, a palestra sobre o risco, conceituação, melhores práticas e prevenção, foram debatidas as legislações existentes e suas características, com ênfase na Norma Regulamentadora NR10, que trata das regras para quem interage com instalações e serviços em eletricidade, e a NR35, que estabelece os requisitos mínimos de proteção para o trabalho em altura. O evento contou ainda com uma palestra de Segurança no set de filmagem, com um panorama geral dos cuidados necessários nesse ambiente, desde as relações interpessoais, até a segurança da equipe. Por fim, mostrou a importância da Cultura da Segurança e seus principais aspectos – legal, humano, econômico, entre outros, sendo a responsabilidade de cada ator da cadeia produtiva no somatório dos riscos e como mitigá-los.
Segundo o presidente do SICAV Leonardo Edde, “esse é o primeiro evento com o tema de segurança do trabalho dos profissionais de audiovisual que tem seu foco voltado não só para os técnicos, mas também aos empresários e gestores. Essa é a base da parceria do STIC com o SICAV, onde entendemos que temos que desenvolver juntos essa capacitação. Não adianta termos uma distância grande entre os técnicos e os empresários, mas sim diminuir as distâncias entre os dois, que possuem papéis diferentes na cadeia produtiva, mas que são complementares”.
O advogado Alex Magalhães, que representou a STIC no Seminário, fala que se preocupar com segurança é um dever não só das produtoras, mas dos clientes: “O contratante da publicidade investe nas fábricas deles um valor pesado para a segurança. Então, ele não pode exigir da produtora que está elaborando um filme que faça em dois dias o trabalho, sem que a produtora atenda minimamente as condições de segurança. Cabe o trabalhador e as produtoras começarem a pressionar esses clientes para darem condições e prazos seguros para o trabalho”, afirma Alex.
A utilização dos drones no audiovisual é cada vez mais comum, mas deve haver sempre uma preocupação com a segurança de manuseio deste equipamento. Numa das palestras realizadas Rodrigo Thomé, da empresa Peixe Voador, falou um pouco dos perigos e formas de prevenção para fazer filmagens com eles. “O drone está no ar, um dia ele vai cair. Porque bateu num fio, porque a bateria desconectou, porque uma ave bateu nele. Isso acontece por uma série de fatores que não controlamos. O que é fundamental para fazer com que seja segura a nossa atividade? Usar o máximo de sabedoria e esperteza para controlar o que se pode. Planejar direito o seu set, não voar em cima das pessoas, não fazer voos arriscados, não pedir para o ator conversar com o drone a meio metro de distância, esses são alguns cuidados que devem ser tomados. É um equipamento seguro? Sim. Os índices de segurança de drone hoje em dia são fantásticos por conta da tecnologia que faz o equipamento ser cada vez mais seguro”, explica Rodrigo.
A opinião de todos que participaram é de que o seminário foi o primeiro movimento de consolidação e implantação de uma cultura de segurança nas produtoras. Eneide Maia de Castro, da Produtora Conspiração, é uma das pessoas que concorda com isso. “Esse é um mercado, uma indústria que cresceu de uma forma com muita paixão, muita emoção. Todas as pessoas que estão no set tem um compromisso muito grande com a entrega do produto final e muitas vezes acontecem acidentes, e às vezes por coisas completamente previsíveis ou que você pode prevenir de alguma forma. Então, o mercado tem que entender tanto as produtoras quanto os profissionais, que isso é fundamental para a sobrevivência e para o crescimento”, declara Eneide.
Mas para que essa cultura de segurança seja disseminada, é importante o envolvimento dos profissionais e das equipes nesse processo, da alta direção até a parte operacional. Sonilei Vieira, engenheiro técnico profissional da Globosat afirma que isso é essencial. “Se não for assim não funciona a prevenção. De fato a direção tem que comprar a ideia que todos são responsáveis por fazer a prevenção, não só no aspecto administrativo como operacional e vivenciar junto aos trabalhadores as necessidades deles para que todos tenham a mesma consciência, ou melhor, a sensibilidade da importância da sua vida. Em função disso, a parte operacional tem que se fazer valer daquilo que a empresa quer na sua consciência preventiva, isto é, a sua capacitação e equipamentos com proteções adequadas”, conclui.