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TECNOLOGIA E DESENHO UNIDOS PELA DIVERSÃO

 

Em meio a tantos recursos de última geração, Curtis, formado em matemática, mas desde sempre ligado à arte, descobriu pouco a pouco que é desenhando no papel que ele consegue dar sentido aos personagens que anima. Essa percepção e a experiência acumulada no meio da animação serão assunto da palestra que ele fará na Semana Design Rio.

 

Apaixonado por tipografia vernacular (aquela feita nas ruas, nos letreiros populares) e por grafite, Curtis, de 42 anos, mantém um blog para dar vazão a tantos interesses (otherthings.com/blog). O americano de Nova York, casado com uma animadora brasileira e pai de uma menina de 4 anos, vem regularmente ao Rio, cidade que diz ter amado no “momento em que pôs os pés no calçadão”.

 

Você se formou em matemática. Como sua carreira o levou para o universo da animação?

 

Minha formação universitária foi matemática, mas sempre estudei arte também. A maior parte da matemática que estudei, na verdade, envolvia desenhar imagens, então os dois nunca estiveram realmente separados para mim. O campo da computação gráfica, que era muito novo na época, foi uma forma de combinar as duas coisas que mais amava: a elegância da matemática e a satisfação visual de criar imagens. Depois que entrei para a indústria (de animação), no entanto, foi difícil resistir à atração que sentia pela animação de personagens. Então, trabalhei duro para desenvolver as habilidades para isso e, no devido tempo, consegui a chance de entrar na área, em que estou até hoje.

 

Você apresentará no Rio a palestra “O animador enquanto designer”, que já levou a festivais de animação em países como Grécia e Inglaterra. O que o público carioca pode esperar?

 

A pergunta mais frequente que ouço de quem quer se tornar animador é: “Eu preciso aprender a desenhar?”. Minha resposta não é nem sim nem não. É um pouco mais complicado do que isso, e espero que minha palestra ajude a tornar isso mais claro. Na época da animação no papel, tradicional, antes de ser um animador, você tinha que saber desenhar muito, muito bem. Mas a animação no computador mudou o sistema. Tem um artista que faz o desenho do personagem e outros artistas que fazem a animação, a performance do personagem. Foi nessa época que eu me formei. Eu podia animar no computador sem saber desenhar muito bem. Mas existem outras questões.

 

Os personagens no computador se tornam cada vez mais flexíveis, e fica fácil fazer uma pose diferente, uma expressão ou uma cara que não são “certas” para esse personagem, que não se encaixam. Saber qual é a expressão certa é uma decisão artística, a pessoa tem que praticar, e a melhor forma de praticar é desenhar. Na gíria de animação, dizemos que o personagem está on model ou off model, quando ele está com uma expressão ou pose que combina com ele ou não. Estou desenhando cada vez mais. Quando encontro um personagem novo, passo um tempo desenhando no papel para poder entendê-lo antes de ir para o computador. É um jeito de colocar os pensamentos no papel para se comunicar com você mesmo.

 

Com que tipo de questão ligada ao design você lida no seu trabalho? Quais são suas principais funções na Dreamworks hoje?

 

Cuido especialmente do design dos personagens e da atratividade deles. É preciso ter muita atenção para que eles fiquem on model e atraentes, sem limitar suas possibilidades expressivas. Sobre minha função, não sou o supervisor de animação, sou um dos supervisores. Em geral, há cinco de nós num filme, sendo guiados por um diretor de animação. Cada supervisor cuida de um grupo de animadores e, juntos, tentamos dar o tom na aparência e no comportamento dos personagens, em coerência com a visão do diretor para a história.

 

Cada animador ganha um grupo de cenas para animar. Numa semana típica, você pode animar três segundos do filme. Você pode trabalhar um ano inteiro e, no final, ter feito um ou dois minutos. Os filmes podem ter de 30 a 60 animadores, dependendo da complexidade. A produção em que estou trabalhando agora, “Mr. Peabody and Sherman”, sobre o cachorro mais inteligente do mundo, tem cinco ou seis supervisores de animação.

 

O personagem Toothless, de “Como treinar seu dragão”, ganhou o prêmio Outstanding Animated Character da Visual Effects Society. Como foi esse trabalho? É seu personagem mais especial?

 

Sim, eu estava lá quando ele nasceu. Trabalhei muito com ele. Amo esse personagem. O Toothless como vemos no filme foi inventado bem no fim do processo, menos de um ano antes de terminarmos. Tivemos pouco tempo para descobrir quem ele era. Isso foi feito no processo de trabalho das cenas, e cada um contribuiu de uma maneira, com diferentes ideias, até formarmos o personagem.

 

Minha contribuição principal foi definir a forma como ele come. Também gosto muito do leão Alex, de “Madagascar”. Ele é de Nova York, e eu também. Pensamos do mesmo jeito. Ele faz gestos com as mãos. Eu faço gestos com as mãos (risos). No último filme, mudamos um pouco os tipos de pose e expressões dele, para que combinassem mais. A gente sempre aprende de um filme para o outro.

 

Fonte: O Globo

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