INDÚSTRIA AUDIOVISUAL NO RIO DE JANEIRO: MIRAR O FUTURO
A demanda por conteúdo brasileiro vem crescendo consistentemente nas últimas décadas, impulsionada por uma política pública que vinha reconhecendo o papel da produção independente no processo de construção de uma indústria potente, com identidade própria, portadora de nossa voz e nosso olhar para o mundo.
Entre os objetivos dessa política, estão o de promover a cultura brasileira e a língua portuguesa, e o aumento da produção e da exibição de obras nacionais. Os números falam por si: há pouco mais de 10 anos, as obras brasileiras não ocupavam mais que 1% da grade dos canais por assinatura. Hoje, esse índice beira os 20%. Isso não foi, contudo, obra do acaso ou de uma moda passageira. É resultado de decisões regulatórias, como a edição da Lei 12.485/2012, que entre outras coisas criou parâmetros mínimos para a exibição de obras nacionais nos canais de TV por assinatura.
Sem isso, para os produtores independentes seria muito difícil romper as barreiras de um mercado tradicionalmente concentrado. O desafio, agora, é levar essas bases ao streaming, a fronteira da indústria.
O audiovisual é um setor estratégico para o Rio e para o Brasil. Um setor intensivo em capital intelectual, um dos poucos em que podemos ocupar, já hoje, uma posição de destaque internacional. Um setor de baixo impacto ambiental, que depende e sempre dependerá de pessoas, antes de máquinas, pois a arte é reflexo da experiência humana, com seus assombros e maravilhamentos, euforias e angústias. Em um tempo marcado pela ameaça de desastres naturais (ou não) globais e os dilemas da inteligência artificial, é preciso valorizar essas características. Delas depende nosso futuro.
Leonardo Edde
Presidente do Sicav.